Exclusivo: Portal SG AGORA entrevista ex-Ministro da Agricultura Dr. Alysson Paolinelli

Foto: Arquivo Pessoal
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Após a grande repercussão da reportagem sobre a vida do ex-Ministro da Agricultura Dr. Alysson Paolinelli, o Portal SG AGORA fez uma entrevista exclusiva com essa importante personalidade, hoje Diretor da empresa Verde Fertilizantes e propagador da tecnologia gerada pelo Brasil, para desenvolver a agricultura tropical.

Paolinelli aproveitou parte da entrevista para destacar São Gotardo como uma das cidades mais importantes no desenvolvimento da agricultura brasileira. Ele também comentou sobre o momento vivido em todo Brasil e como o homem do campo poderá combater a crise e as adversidades do agronegócio.

Na segunda parte da entrevista, Sr. Polinelli aproveitou e falou um pouco sobre os tempos em que era Ministro da Agricultura e também deixou um recado especial para os jovens promissores do Brasi. A segunda parte da entrevista exclusiva, vocês acompanharão em breve em nosso Portal.

Confiram a primeira parte da entrevista exclusiva com o ex-Ministro da Agricultura Dr. Alysson Paolinelli:

O senhor é um dos grandes nomes da história do desenvolvimento agrícola do Cerrado. Em que momento o senhor enxergou o potencial dessa região que hoje é tão importante para a agricultura brasileira?

Alysson Paolinelli: Eu sou um produtor rural e não desenvolvedor. Desenvolvedor eu fui ocasionalmente. O Brasil é um importador de alimentos, não dava conta de autossuficiência no seu abastecimento interno e não tinha competência, ele não tinha conhecimento. Nós não éramos capazes de atender a própria demanda interna, quem pagava tudo isso era o café. Pagava insolência da indústria, pagava a exportação de 1/3 dos alimentos que nós consumimos. Depois teve que pagar, a partir de 1973, o petróleo com vários preços. O Brasil iria quebrar, foi aí que nós tivemos a necessidade de buscar alternativas. Onde produzir? Foi através dos estudos preliminares que já existiam e através de um esforço concentrado que nós identificamos um Cerrado que foi uma grande alternativa para o Brasil. Temos mais de 200 milhões de hectares de Cerrado. Nós tínhamos uma tecnologia pequena, embora já tínhamos confiança de início, e desenvolvemos, em menos de 20 anos, uma tecnologia mais avançada que o mundo conhece para a agricultura tropical, que passou a ser importante para o povo à medida que as agriculturas já não suprem mais as necessidades mundiais. Então, esse foi o grande lance, o Brasil redescobriu ocupando uma área que era altamente degradada no Brasil, na Ásia, na África e hoje o mundo já tem certeza que através da ocupação nacional do Cerrado, especialmente com essa forma de ocupação que nós temos com alta capacidade de sustentabilidade. O mundo vai poder suprir suas necessidades sem maior desassossego. O Brasil é um grande defensor dessas tecnologias. Nós, em menos de 20 anos, desenvolvemos a tecnologia, o conhecimento e fizemos as inovações necessárias para a produção no Cerrado.

Qual foi a importância histórica da região de São Gotardo no desenvolvimento do Cerrado brasileiro e agricultura tropical?

Alysson Paolinelli: Muito grande. A região do Alto Paranaíba foi a pioneira não só no projeto de crédito rural integrado, que o governo de Minas lançou em 1971, como a partir de 1973 com o projeto específico – que era o Padap – um projeto de assentamento para a região do Alto Paranaíba. Foi fundamental, eu diria que foi a base de todo esse desenvolvimento. Os agricultores foram capazes de aceitar as tecnologias que nós estávamos sugerindo, eles participaram do processo de inovação e desenvolveram o Cerrado aqui como base para outras regiões.

Esta inclusive seria nossa próxima pergunta. Qual foi a importância do PADAP no programa para o desenvolvimento do Cerrado?

Alysson Paolinelli: Foi a trincheira de frente que nós tivemos.

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Quais são os maiores desafios para a agricultura tropical?

Alysson Paolinelli: Tem sido ainda. A agricultura tropical não tinha nenhum conhecimento próprio, a não ser quando o Brasil começou a desenvolvê-la a partir de 1973 com a Embrapa. Não só a Embrapa, mas nossas universidades, nossos estudos, são os inventores do conhecimento competitivo da tecnologia da agricultura tropical. O mundo reconhece isso, especialmente porque, além de desenvolver tecnologias de alta qualidade, nós desenvolvemos, também, de alta resistência para o manejo do uso dos recursos naturais dessas regiões. Estão praticando uma agricultura de alta sustentabilidade, isso faz aguentar o mundo porque se as manufaturas se estabeleceram como fundamentais, o abastecimento, especialmente nas regiões temperadas tiveram degradação. Aqui, nós não estamos tendo, ao contrário, nós estamos conseguindo recuperar a área degradada como eram as Savanas da África, existente na Ásia e o Cerrado brasileiro. Hoje nós temos tecnologias de manejo do solo, da água, das plantas, dos animais, e do clima, sem nenhuma degradação.

O senhor é um dos defensores do Ciclo Virtuoso do Carbono. Explique como ele funciona e quais as iniciativas devem ser tomadas por aqueles que também desejam apoiar essa causa?

Alysson Paolinelli: Olha, o carbono está aumentando na atmosfera pelo nosso sistema de uso bioenergético. Infelizmente, nós estamos ainda muito coligados com a energia produzida com petróleo, carvão e outros materiais fósseis, ou então, energia atômica que também tem consequência para a agricultura que nós temos pretendido no Brasil. Praticaram na agricultura em que você fixa no carbono, basta um ciclo positivo ou virtuoso desse carbono na chamada reposição que nós temos nas atividades agrícolas anuais. Hoje nós fazemos isso com a integração lavoura-pecuária e tantos outros sistemas que o Brasil já consolidou com a certeza de que esse carbono que está em excesso na atmosfera está sendo levado ao solo, onde ele é utilizado, está enriquecendo o solo pelo emprego especialmente no Cerrado. Depende muito da matéria orgânica, matéria orgânica é carbono, é um carbono com ciclo positivo e de ciclo virtuoso incorporado através de plantas e de manejo adequado e que, de forma racional, o agricultor brasileiro está desenvolvendo. Eu defendo muito isso, acho que o Brasil já está na frente. Não só na produção de etanol, especialmente de cana, mas também na produção de energia do biogás. Defendo isso, faço isso na minha propriedade. Gostaria que todos os agricultores brasileiros, ao tomar conhecimento, quisessem lançar essas correntes para produzir energia.

Adotar a Agricultura de Baixo Carbono resulta em quais vantagens para o produtor? E para o meio ambiente?

Alysson Paolinelli: Olha, como eu disse, através do sistema inovador de manejo dos recursos naturais a terra, a água, as plantas, os animais e o clima, você consegue, ao invés de jogar carbono para a atmosfera, fixar carbono no solo, ajudando a limpar a atmosfera carregada que nós temos hoje em função do nosso uso bioenergético. O Brasil está na frente disso, porque nós somos capazes de fazer uma agricultura altamente razoável com recursos renovados. Isso é muito positivo para o mundo inteiro, porque o mundo tem carência de condições, especialmente atmosféricas para poder viver bem e, com excesso de carbono, você não vive bem. Portanto, essa inovação que o Brasil tá ganhando no mundo ela é altamente desejada.

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Reportagem: Portal SG AGORA / Contribuiu com a matéria: Frederico Carvalho / Fotos: Arquivo Pessoal

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