Após dois pódios e torcida de Marta, Verônica Hipólito diz: “Eu quero mais”

Foto: Reuters/Sergio Moraes
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Verônica Hipólito sacudia as duas medalhas e tentava fazer um samba com o som que saía delas. Aquela prata e bronze conquistados nas provas dos 100m e 400m da classe T38, respectivamente, tinham o mesmo valor de ouro para ela. No último ano, precisou fazer uma cirurgia, pensou algumas vezes em parar de correr. Resistiu a mais algumas situações difíceis e em sua primeira Paralimpíada subiu ao pódio duas vezes, arrebatou novos fãs, fez Marta postar uma foto segurando um cartaz com a hashtag “Vai magrela”, dizendo que era uma inspiração. Agradeceu com poucas palavras, afirmando que seu coraçãozinho não iria aguentar de tanta alegria. Aos 20 anos, gostou tanto da experiência que viveu, que já virou a chave para Tóquio 2020. Fala com empolgação da próxima edição dos Jogos e mostra que o apetite só cresceu.

– Quando vi aquela foto da Marta achei que alguém tivesse feito uma montagem (risos). Tudo está sendo mais grandioso do que achei que seria. Quando vi o pessoal gritando meu nome, crianças alucinadas pelo esporte, batendo palmas, falei: “Não posso dar menos do que o meu melhor aqui”. Eu deixei todo mundo segurar a medalha, colocar no pescoço, porque não é só minha. Eu acredito que ganhei dois ouros aqui. Não esperava nem vir para cá. Tive de fazer uma cirurgia (precisou retirar 90% do intestino grosso), o tumor na cabeça cresceu, surtei várias vezes falando que não ia correr, consegui voltar e consegui essas medalhas. Quando olho para elas penso que eu quero mais. Isso vem do espírito de competir. Todo mundo disse para a gente que seria impossível ser o que era antes. Agora vai ter Tóquio (risos) – disse.

Verônica frisa que nunca se apega ao problema, mas à solução. Foi pensando assim que os caminhos foram se abrindo. Ela está feliz por ter sido apontada como candidata a um prêmio que será oferecido à dona da melhor história da Vila. Em meio a tantas trajetórias de superação, foi uma das três selecionadas na categoria feminina. Aos 12 anos, descobriu um tumor no cérebro que a impediu de seguir no judô. Aos 15, teve um AVC. A paralisia no lado direito de seu corpo foi a sequela. Determinada, insistiu no atletismo e passou a brilhar.
– De onde tiro força? Do mesmo lugar que eles tiraram (aponta para os também medalhistas Gustavo Araújo e Evânio Rodrigues). A gente nunca se apegou ao problema Sempre tinha família e sonhos que cobriam isso. Não foram as deficiências que nos rotularam, que fizeram ser o coitadinho que não vai conseguir. Toda vez que tenho que fazer cirurgia, se tiver um resfriado, tenho que me recuperar logo porque amo correr. Tudo tem solução.
Carismática, falante e bem humorada, Verônica tem orgulho de falar sobre a evolução mostrada pelos atletas brasileiros na Paralimpíada do Rio. Acredita que o legado será grande.

Temos o CT em São Paulo, e lá já estão conversando sobre projetos de base. Agora vão abrir para a sub-18. O primeiro legado que está ficando é o do exemplo. O legado físico é o do CT. Nós contamos com uma equipe que foi essencial para os resultados. Cheguei depois de cirurgia com 41kg, com uma lesão de posterior de grau 2. E havia ali uma rede de profissionais trabalhando para me recuperar. Não tem isso em outro país. Hoje atletas de fora também querem vir treinar aqui. Temos uma jovem geração chegando com força e espero que a gente possa continuar tratando isso como profissão depois da Paralimpíada. Ano que vem já tem Mundial.

 

Reportagem Original: http://globoesporte.globo.com/paralimpiadas/noticia/2016/09/apos-dois-podios-e-torcida-de-marta-veronica-hipolito-diz-eu-quero-mais.html

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