Homem diagnosticado com “cérebro zumbi” passou 9 anos pensando que estava morto após tentar suicídio

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Graham Harrison, 57 anos, estava convencido de que tinha morrido, apesar de uma tentativa de suicídio fracassada – e até mesmo chegou a vagar ao redor de cemitérios.

Ele acreditava que seu cérebro tinha “fritado” depois de tentar eletrocutar a si mesmo e que deveria estar morto, ainda que estivesse respirando.

Graham, um ex-empreiteiro de água do Reino Unido, acordou depois de uma tentativa fracassada de suicídio e estava espantado, porque ainda conseguia falar mesmo que ele estivesse convencido de que não tinha mais cérebro. “Eu fiquei confuso. Eu não sabia como poderia falar ou fazer qualquer coisa sem cérebro. Minha mente estava em branco. Eu não conseguia segurar qualquer informação nele contida. Eu não tinha prazer em fazer nada”, diz Graham. “Eu perdi meu senso de tamanho e meu sentido do paladar. Não via nenhum motivo em comer, porque eu estava morto. Foi uma perda de tempo falar porque eu nunca tive nada a dizer”.

Os médicos o diagnosticaram com a Síndrome de Cotard (também conhecido como síndrome do cadáver ambulante), uma das doenças mais raras do mundo, afetando apenas algumas centenas de pessoas. As pessoas que sofrem da doença acreditam que estão mortas ou que partes do seu corpo não existem mais, e, muitas vezes, morrem de fome porque sentem que não têm mais necessidade de comer.

Casos de síndrome de Cotard remontam a 1788, mas foi formalmente identificado pelo neurologista francês Jules Cotard em 1880. Entre o punhado de casos ao longo dos anos, um que chama a atenção é o de uma mulher de 53 anos de idade, em Nova York, que em 2008 afirmou que ela fedia a peixe podre, porque acreditava que estava morta. Como o transtorno bipolar ou esquizofrenia, Cotard é uma forma de psicose delirante, a única desse conjunto que é auto certificável.

Aqueles com esta condição frequentemente descrevem uma perda de sangue, órgãos e/ou partes do corpo. Esta realidade distorcida é causada por um defeito em uma área do cérebro chamada giro fusiforme, que reconhece rostos, e também na amígdala, um conjunto de neurônios em forma de amêndoa que processa as emoções. A combinação gera uma falta de reconhecimento ao ver rostos familiares (até mesmo o seu próprio rosto), deixando a pessoa sentir que está desconectada com a realidade. Não há cura para a Síndrome de Cotard. Tratamentos comuns incluem antidepressivos e antipsicóticos, bem como a terapia eletroconvulsiva bastante controversa.

O grande ultimato veio quando Graham se sentiu obrigado a ir para o seu cemitério local, porque percebeu que era o único lugar que ele poderia chamar de realmente seu. “Eu apenas senti que eu poderia muito bem ficar lá. Foi o mais próximo que eu poderia chegar da morte. Entretanto, sabia que a polícia viria me pegar e me levaria de volta para casa”, afirma Graham.

Os médicos colocaram Graham em contato com o neurologista Adam Zeman, da Escola de Medicina de Exeter e Steven Laureys da Universidade de Leige, na Bélgica. “É a primeira e única vez que a minha secretária me disse: É realmente importante você vir e falar com esse paciente, porque ele está me dizendo que ele está morto”, afirma o médico. “Ele era um paciente realmente incomum.”

A recuperação de Graham começou quando os exames descobriram que os níveis de atividade em partes de seu cérebro eram tão baixos que quase o igualou ao cérebro de alguém em estado vegetativo. Sr. Laureys acrescentou: “Eu estive analisando exames por 15 anos e eu nunca vi ninguém próximo desse estado, que interagia com as pessoas, mas com um resultado de varredura como anormal. A função do cérebro de Graham se assemelhava a de alguém durante a anestesia ou durante o sono”.

Anos de psicoterapia e tratamento medicamentoso, combinados com a ajuda de tutores e do seu irmão, significou para Graham uma recuperação gradual e avançada, fazendo com que ele já não esteja mais nas garras da doença. “Eu não me sinto mais com o cérebro morto”, disse ele. “Eu não posso dizer que estou realmente de volta ao normal, mas eu me sinto muito melhor agora”.

017-1

Reportagem: http://www.jornalciencia.com/saude/mente/3492-homem-diagnosticado-com-cerebro-zumbi-passou-9-anos-pensando-que-estava-morto-apos-tentar-suicidio

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