Operação Lava Jato, a operação que desmascarou a Petrobrás

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Investigação apura esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Grupo sob suspeita tem ligações com políticos e ex-dirigente da Petrobras.

A Polícia Federal informou que até as 18h20 desta sexta-feira (14) 18 pessoas tinham sido presas na nova etapa da Operação Lava Jato, que envolve a Petrobras e investiga um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões. Segundo comunicado da PF, das 18 prisões, 14 são temporárias (cinco dias, prorrogáveis por mais cinco) e outras quatro, preventivas (sem prazo determinado).
Na manhã desta sexta, a Polícia Federal deflagrou a sétima fase da operação e cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão no Paraná, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, em Pernambuco e no Distrito Federal.
Conforme balanço divulgado pela PF, além das 18 prisões, foram cumpridos 49 mandados de busca e apreensão. Além disso, foram expedidos nove mandados de condução coercitiva e cumpridos, seis.
A Petrobras está no centro das investigações da Lava Jato, desencadeada em março para desmontar um suposto esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões, segundo a Polícia Federal.

Entre os presos pela PF, está o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e três presidentes de empreiteiras – José Aldemário Pinheiro Filho (OAS); Ildefonso Collares Filho (Queiroz Galvão); Ricardo Ribeiro Pessoa (UTC); .
Indicado para o cargo pelo PT, Duque foi preso em casa, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e conduzido para a superintendência local da Polícia Federal. Em depoimento à PF e ao Ministério Público no mês passado, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que fez acordo de delação premiada e atualmente cumpre prisão domiciliar, disse ter conhecimento de irregularidades praticadas na Diretoria de Serviços, na época em que foi comandada por Duque.
Nota divulgada pela assessoria de Renato Duque informou que o ex-diretor foi preso temporariamente e, segundo o texto, não há “notícia de uma ação penal ajuizada contra ele”. “Os advogados desconhecem qualquer acusação. […] A partir do momento em que tomarem ciência do motivo da prisão temporária, realizada para investigações, os advogados adotarão as medidas cabíveis para restabelecer a legalidade”, diz a nota.
Um dos mandados de prisão temporária expedidos e ainda não cumpridos é o do lobista Fernando Soares, conhecido como “Fernando Baiano”, que é considerado foragido e passou a ser procurado também pela Interpol. Em depoimento em outubro, o doleiro Alberto Youssef disse à Justiça Federal do Paraná que Fernando Baiano operava a cota do PMDB no esquema. A assessoria de Michel Temer, presidente nacional do partido e vice-presidente da República, informou nesta sexta que o lobista “nunca teve contato institucional com o partido”.
Nesta sexta, líderes de partidos de oposição no Congresso anunciaram que vão pressionar Duque a depor na CPI mista da Petrobras. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato derrotado à Presidência, disse que “as ações desse governo” causam “marca perversa na estatal”. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse sentir “vergonha” do que ocorre naPetrobras. O líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP), declarou que o partido não vai “acobertar erros” de nenhum investigado. O G1 procurou a Casa Civil, a Secretaria de Relações Institucionais, a Secretaria-Geral da Presidência e o Ministério de Minas e Energia, mas nenhum órgão quis se manifestar sobre o assunto.

Entenda a investigação:

O que é
Deflagrada em 17 de março pela Polícia Federal (PF), a operação Lava Jato desmontou um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que, segundo as autoridades policiais, movimentou cerca de R$ 10 bilhões. De acordo com a PF, as investigações identificaram um grupo brasileiro especializado no mercado clandestino de câmbio.
VALE ESTA 2 arte youssef lava jato (Foto: Editoria de Arte/G1)
Os suspeitos, informou a polícia, eram responsáveis pela movimentação financeira e pela lavagem de ativos de diversas pessoas físicas e jurídicas envolvidas em diferentes crimes. Entre os delitos cometidos pelos supostos “clientes” do esquema estão tráfico internacional de drogas, corrupção de agentes públicos, sonegação fiscal, evasão de divisas, extração, contrabando de pedras preciosas e desvios de recursos públicos.

Onde
Na primeira fase da operação, foram executados mandados de prisão e de busca e apreensão em Curitiba (PR) e outras 16 cidades paranaenses. Os agentes federais também cumpriram ordens judiciais em outras seis unidades da federação: São Paulo, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Mato Grosso.
Presos
A Lava Jato prendeu, entre outras pessoas, o doleiro paranaense Alberto Youssef, que tem fortes ligações no meio político, e o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, suspeito de receber propina do esquema de corrupção.
Segunda etapa
Em 11 de abril, a Polícia Federal desencadeou a segunda etapa da operação Lava Jato, com o cumprimento de 16 mandados de busca, quatro de condução coercitiva (quando a pessoa é obrigada a acompanhar os policiais até uma unidade policial). Na ocasião, os policiais federais recolheram documentos na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro.

Petrobras
As investigações da Polícia Federal revelaram uma suposta ligação entre o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa com o esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Yousseff. Costa admitiu à polícia que recebeu um carro de luxo avaliado em R$ 250 mil do doleiro, mas alegou que o veículo foi dado em pagamento por um serviço de consultoria. Costa disse que já estava aposentado da Petrobras à época do recebimento do carro,. No entanto, ele reconheceu que conhecia Youssef do período em que ainda estava na estatal brasileira. Costa foi preso em 20 de março enquanto destruia documentos que podem servir como provas no inquérito.

Costa Global
Documentos obtidos pela PF apontam que Costa pode ter recebido depósitos milionários do doleiro na conta de uma de suas empresas, a Costa Global. Um dos papéis, uma planilha de valores, seria uma contabilidade manual da empresa do ex-dirigente da estatal do petróleo. A planilha detalha valores em reais, dólares e euros recebidos entre novembro de 2012 e março de 2013. Reportagem veiculada no programa Fantástico, em 13 de abril, mostrou o conteúdo de uma das planilhas da Costa Global apreendidas pela PF. Os documentos mostram que o ex-diretor mantinha um controle detalhado de todas operações que ele intermediava entre a Petrobras, empreiteiras e fornecedores. Numa das planilhas obtidas pelo Fantástico, aparece ao lado do nome das empresas a porcentagem que o ex-diretor da Petrobras receberia caso conseguisse contratos para elas. Em muitos casos, a comissão é de 50%.

Deputado do Paraná
A apuração da PF também trouxe à tona indícios de ligação entre Alberto Youssef e o deputado federal André Vargas (sem partido-PR). Em março, reportagem da revista “Veja” revelou mensagens de celular entre o ex-petista e o doleiro do Paraná. Conforme investigações da PF mencionadas pela revista, os dois atuaram juntos para fechar um contrato milionário entre uma empresa de fachada e o Ministério da Saúde.
De acordo com as investigações da polícia, André Vargas ajudava Youssef a localizar projetos na administração pública nos quais poderia ser desviado dinheiro público. Além disso, o parlamentar do Paraná reconheceu que, em janeiro, viajou para João Pessoa (PB) em um jatinho emprestado pelo doleiro. Vargas alegou que conhece Youssef há mais de duas décadas e que não há irregularidades na sua relação com o doleiro preso pela operação Lava Jato. Pressionado pelo próprio partido em razão das denúncias, Vargas renunciou ao cargo de vice-presidente da Câmara e se desfiliou do PT. Ele também se tornou alvo de processo por quebra de decoro no Conselho de Ética da Câmara, que pode culminar na sua cassação.

Reportagem: http://g1.globo.com/politica/noticia/2014/04/entenda-operacao-lava-jato-da-policia-federal.html

http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/2014/11/pf-diz-que-18-pessoas-foram-presas-em-nova-etapa-da-operacao-lava-jato.html

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