De cultura familiar a política pública: Farmácia Verde distribui mais de 60 mil medicamentos fitoterápicos por ano em São Gotardo

Foto Capa: Reprodução/Facebook/Farmácia Verde São Gotardo
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Suzana Borges Caramore, mentora, professora e servidora pública municipal, sempre tratou dos filhos e familiares com produtos naturais em São Gotardo, no Alto Paranaíba. Ela sabia fazer alguns medicamentos fitoterápicos, como xaropes e tinturas, e costumava distribuí-los para quem precisasse.

No fim da década de 80, contudo, o que era apenas o conhecimento de uma mulher empenhada a ajudar os entes queridos se tornou um serviço público. A fitoterapia, ou seja, os tratamentos caracterizados pelo uso de plantas medicinais em diferentes fórmulas farmacêuticas, virou realidade no município.

Hoje, a Farmácia Verde é vinculada ao Sistema Único de Saúde (SUS) e atende a população. Em entrevista ao Portal G1 Alto Paranaíba, Bernardo Dornelas, farmacêutico responsável pelo projeto, conversou especialmente para conhecer a história e funcionamento do local.

Fundação
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Após o trabalho desenvolvido por Suzana, o projeto foi proposto para a Prefeitura no fim de década de 80. A iniciativa foi incorporada oficialmente ao serviço público em 12 de março de 1990.

O Município, então, cedeu um espaço, comprou utensílios básicos para processar e manipular as plantas medicinais. O poder público também cedeu a área para o plantio.

Com os produtos cultivados e manipulados, a população pode tratar problemas na faringe (irritação e/ou inflamação da garganta), tosse seca e com secreção, problemas inflamatóriosansiedadeferidas e outros problemas de saúde a partir da fitoterapia.

Apenas em 2020, contudo, através da Lei municipal nº 2.467, de 3 de novembro, que entrou em vigor a política de implantação da fitoterapia em saúde pública em São Gotardo.

“Nesse mesmo ano foi concluída a sede própria da Farmácia Verde, com todos os ambientes de manipulação, processamento, controle de qualidade e armazenamento de produtos fitoterápicos alinhados com as legislações em vigor, consolidando efetivamente o projeto no município”, contou Bernardo.

Conforme a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, no contexto da Política Nacional de Assistência Farmacêutica e do SUS, a Farmácia Viva compreende todas as etapas, desde o cultivo, a coleta, o processamento, o armazenamento de plantas medicinais, a manipulação e a dispensação de preparações magistrais e oficinais de plantas medicinais e fitoterápicos.

Em virtude de a maioria dos programas de fitoterapia no Brasil adotarem esse modelo, o Ministério da Saúde instituiu no SUS, em abril de 2010, a Farmácia Viva.

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Auxílios governamentais
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“A Prefeitura cuida tanto no horto de plantas medicinais (cultivo de plantas) quanto pelas atividades de processamento e manipulação das plantas medicinais para virarem medicamentos fitoterápicos (produto acabado). Os colaboradores são servidores públicos efetivos ou contratados para desenvolver os trabalhos”, disse o coordenador do projeto.

Apesar disso, a farmácia é mantida com recurso tripartite, ou seja, vindos da gestão municipal, estadual e da União.

Bernardo explica que a Farmácia Verde faz parte do SUS municipal e compõe a rede de assistência à saúde. Sendo assim, a Prefeitura é a responsável pela manutenção dos trabalhos.

“Como parte da estratégia a nível estadual, a farmácia participa da Política Estadual de Assistência Farmacêutica Ambulatorial no âmbito das Redes de Atenção à Saúde. Atualmente tem repasses quadrimestrais de recursos”, detalhou.

Existem também editais de incentivos a nível federal com objetivo de selecionar projetos de estruturação de Farmácias Vivas.

“São para garantir o acesso de usuários do SUS a fitoterápicos com qualidade, segurança e eficácia, conforme a Política e o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF)”, disse.

Desafios
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Apesar de agora existirem recursos públicos que possibilitem a manutenção da farmácia, nem sempre foi assim.

“Na década de 2000, alguns gestores e profissionais não deram importância ao projeto, ficando à margem das políticas públicas. O projeto foi mantido devido à persistência de alguns colaboradores que permaneceram trabalhando”.

O projeto prosperou devido à procura da sociedade pelas formulações. As pessoas buscavam ajudar doando produtos, embalagens e plantas medicinais utilizada na fabricação dos medicamentos fitoterápicos.

“Para pegar um xarope, por exemplo, a pessoa fazia uma troca, doando frascos e materiais para manipular como mel e açúcar. A sociedade são-gotardense abraçou o projeto no momento mais difícil da sua história e desfrutaram de melhorias posteriormente”, explicou.

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Os resultados
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Em números, é possível ver claramente as melhorias que Bernardo cita. Atualmente o projeto trabalha com 75 plantas medicinais, entre cultiváveis e do cerrado mineiro e produz 56 formulações fitoterápicas disponíveis para retirada para diversas doenças.

Além de entregar os medicamentos, a farmácia também realiza alguns atendimentos. É possível que os próprios profissionais farmacêuticos receitar a medicação fitoterápica, contribuindo com a rede de assistência à saúde.

Como obter os medicamentos?
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Algumas formulações necessitam de prescrição exclusiva de um médico por apresentar complicações e/ou interações com outras doenças e/ou medicamentos sintéticos, necessitando acompanhamento mais próximo do profissional.

A grande maioria dos medicamentos, contudo, outros profissionais da rede, como farmacêuticos, odontólogos, fisioterapeutas, enfermeiros, nutricionistas podem prescrevem. Como mencionado, há a possibilidade do próprio profissional farmacêutico atender e receitar a medicação fitoterápica.

A farmácia fica na Avenida Paulo Shimada, nº 51, no Bairro Taquaril. Outras informações podem ser obtidas no site da Prefeitura ou via telefone, no (34) 3671-7759.

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Reportagem: Juliana Barduco/Portal G1 / Foto Capa: Reprodução/Facebook/Farmácia Verde São Gotardo

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